quarta-feira, 4 de maio de 2016

Soneto

Leda serenidade deleitosa,

que representa em terra um paraíso;

entre rubis e perlas, doce riso,

debaixo de ouro e neve, cor de rosa;



presença moderada e graciosa,

onde ensinando estão despejo e siso

que se pode por arte e por aviso ,

como por natureza, ser fermosa;

fala de quem a morte e a vida pende,
rara, suave; enfim, Senhora, vossa;
repouso nela alegre e comedido;

estas as armas são com que me rende
e me cativa Amor; mas não que possa
despojar-me da glória de rendido.

Luís de Camões


Tema:  A Figura feminina 
Assunto: O autor descreve a mulher física e psicologicamente como sendo                        perfeita, portadora apenas de qualidades. Este considera a mulher                     como ser superior divino de beleza incomparável. Camões expressa                  a sua opinião, claramente positiva sobre a figura feminina (confessa que nunca deixa de resistir aos seus encantos).


Estrutura Externa: Soneto (2 quadras, 2 tercetos) logo, 14 versos, sendo                                      estes decassílabos; 
                               Nas quadras, esquema rimático, abba, formando a rima                                    emparelhada/interpolada;Nos tercetos, esquema rimático,                                cde/cde.


Estrutura Interna: O poema é constituído por 4 momentos diferentes.
A 1ª quadra corresponde à apresentação do tema a desenvolver,  a mulher. O autor descreve-a como sendo valiosa, alegre e serena, chegando mesmo a compará-la com um paraíso. Elogia ainda fisicamente, comentando o seu riso e a sua pele. Camões considera a sua amada perfeita.
Na 2ª quadra que corresponde ao desenvolvimento do tema, o autor dá continuidade à descrição da mulher, nunca deixando de recorrer aos elogios. Fala da sua graciosa presença, não deixando de frisar a naturalidade, o bom senso, a discrição e a formosura da figura feminina.
No 1º terceto (confirmação), Camões confirma tudo o que disse anteriormente, falando da Senhora, como ‘’rara’’ e ‘’suave’’, dizendo mesmo que a vida e a morte dependem dela. Resumindo, Camões seria capaz de morrer pela sua amada, pelo seu amor. Esta influencia-o de tal modo que a sua presença o deixa sossegado e calmo.
Finalmente, o soneto termina com uma chave de ouro que encerra o seu pensamento. É nos revelado o sentido do poema. Ao longo do soneto, o autor descreve algo pelo qual mostra muita admiração e também desejo. Para Camões, as armas que o cativam no amor são todas as características da mulher que falou anteriormente, daí considerar-se como rendido aos encantos da mulher. Só neste terceto entedemos a paixão de Camões, justificada pela figura bela da mulher. Esta paixão referida poderia ser pela Infanta D.Maria. 

Figuras de estilo: 

Enumeração (adjectivos)
- ‘’Leda serenidade deleitosa ,’’ (v.1)
- ‘’entre rubis e perlas, doce riso,’’ (v.3)
Hipérbole
- ‘’que representa em terra um paraíso;’’ (v.2)
- ‘’fala de quem a morte e a vida pende,’’ (v.9)
Personificação
- ‘’doce riso,’’ (v.3)
Adjectivação
- ‘’Leda1 serenidade deleitosa ,’’ (v.1)
Dupla adjectivação
- ‘’presença moderada e graciosa,’’ (v.5)
Antítese (morte e vida)
- ‘’fala de quem a morte e a vida pende,’’ (v.9)




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