segunda-feira, 16 de maio de 2016

Fernão Mendes Pinto




Fernão Mendes Pinto (, Montemor-o-Velho, 1510-14 —, Almada, Pragal, 8 de Julho de 1583) foi um aventureiro e explorador português.

Sabe-se hoje que não fez realmente parte da primeira expedição portuguesa que logrou alcançar o Japão, em 1542, mas sim duma das primeiras. Acontece que os governantes locais que o receberam não tinham ainda visto outros ocidentais e por isso reagiram dizendo-lhe que tinha sido o primeiro a chegar àquelas paragens. A chegada dos portugueses ao Japão foi muito celebrado, e perdura ainda na memória cultural japonesa, porque foi o episódio que permitiu a introdução das armas de fogo naquele país. O próprio Fernão Mendes Pinto insere-se nesse papel, descrevendo o espanto e o interesse do dito rei local (na verd

ade um daimio) quando viu um dos seus companheiros disparar uma arma enquanto caçava.

Ainda pequeno, um seu tio levou-o para Lisboa onde o pôs ao serviço na casa de D. Jorge de Lencastre, Duque de Aveiro, filho do rei D. João II. Manteve-se aqui durante cerca de cinco anos, dois dos quais como moço de câmara do próprio D. Jorge, facto importante para a comprovação da sua descendência duma classe social que contradizia a precária situação económica que a família então detinha.


Em 1537, parte para a Índia, ao encontro dos seus dois irmãos. De acordo com os relatos da sua obra Peregrinação, foi durante uma expedição ao mar Vermelho em 1538, Mendes Pinto participou num combate naval com os otomanos, onde foi feito prisioneiro e vendido a um grego e por este a um judeu que o levou para Ormuz, onde foi resgatado por portugueses.


Acompanhou a Malaca Pedro de Faria, donde fez o ponto de partida para as suas aventuras, tendo percorrido, durante 21 acidentados anos, as costas da Birmânia, Sião,arquipélago de Sunda, Molucas, China e Japão, grande parte desse tempo ao lado do pirata António de Faria. Numa das suas viagens a este país conheceu S. Francisco Xavier e, influenciado pela personalidade, decidiu entrar para a Companhia de Jesus e promover uma missão jesuíta no Japão.


Em 1554, depois de libertar os seus escravos, vai para o Japão como noviço da Companhia de Jesus e como embaixador do vice-rei D. Afonso de Noronha junto do daimyo deBungo. Esta viagem constituiu um desencanto para ele, quer no que se refere ao comportamento do seu companheiro, quer no que respeita ao comportamento da própria Companhia. Desgostoso, abandona o noviciado e regressa a Portugal.


Com a ajuda do ex-governador da Índia Francisco Barreto, conseguiu arranjar documentos comprovativos dos sacrifícios realizados pela pátria, que lhe deram direito a uma tença, que nunca recebeu. Desiludido, foi para a sua Quinta de Palença, em Almada, onde se manteve até à morte e onde escreveu, entre 1570 e 1578, a obra que nos legou, a sua inimitável Peregrinação. Esta só viria a ser publicada 20 anos após a morte do autor, receando-se que o original tenha sofrido alterações às quais não seriam alheios os Jesuítas.







fonte:https://pt.wikipedia.org/wiki/Fern%C3%A3o_Mendes_Pinto

Cantiga

A cantiga constitui uma composição medieval galego-portuguesa de tema religioso ou profano, destinada a ser cantada. É composta normalmente por um mote de 4 ou 5 versos e por uma ou várias glosas de 8,9 ou 10 versos em que se repete no final o ultimo verso do mote.


Verdes são os campos,
De cor de limão:
Assim são os olhos
Do meu coração.

Campo, que te estendes
Com verdura bela;
Ovelhas, que nela
Vosso pasto tendes,
De ervas vos mantendes
Que traz o Verão,
E eu das lembranças
Do meu coração.

Gados que pasceis
Com contentamento,
Vosso mantimento
Não no entendereis;
Isso que comeis
Não são ervas, não:
São graças dos olhos
Do meu coração.

Luís de Camões

Esparsa



É uma trova de tema amoroso que não é precedida nem por uma glosa nem por um mote,está constituída por uma única estrofe que é uma redondilha maior, pode ter desde oito a dezasseis versos, generalizada na Península Ibérica a partir do século XV e está presente no Cancioneiro Geral.




Os bons vi sempre passar
no mundo graves tormentos;
e, para mais m´espantar,
os maus vi sempre nadar
em mar de contentamentos.
Cuidando alcançar assim
o bem tão mal ordenado,
fui mau, mas fui castigado:
Assi que, só para mim
anda o mundo concertado.

      Luis de Camões












sábado, 14 de maio de 2016

Vilancete

O vilancete é um poema que é introduzido por um mote de 2 ou 3 versos,caso o ultimo verso do mote se repita no fim de cada estrofe,diz-se que é um vilancete perfeito.
O mote é seguido de uma ou mais estrofes(voltas,coplas ou glosas) cada constituída por 7 versos.
Cada verso de um vilancete é normalmente dividido em 5 ou 7 silabas métricas, no caso de serem apenas 5 silabas métricas é uma rendondilha menos,se forem 7 silabas métricas é uma redondilha maior.



Descalça vai para a fonte
Leonor pela verdura;
Vai fermosa, e não segura.

Leva na cabeça o pote,
O testo nas mãos de prata,
Cinta de fina escarlata, 
Sainho de chamalote;
Traz a vasquinha de cote,
Mais branca que a neve pura.
Vai fermosa e não segura.

Descobre a touca a garganta,
Cabelos de ouro entrançado
Fita de cor de encarnado,
Tão linda que o mundo espanta.
Chove nela graça tanta,
Que dá graça à fermosura.
Vai fermosa e não segura.


quarta-feira, 4 de maio de 2016

Soneto

Leda serenidade deleitosa,

que representa em terra um paraíso;

entre rubis e perlas, doce riso,

debaixo de ouro e neve, cor de rosa;



presença moderada e graciosa,

onde ensinando estão despejo e siso

que se pode por arte e por aviso ,

como por natureza, ser fermosa;

fala de quem a morte e a vida pende,
rara, suave; enfim, Senhora, vossa;
repouso nela alegre e comedido;

estas as armas são com que me rende
e me cativa Amor; mas não que possa
despojar-me da glória de rendido.

Luís de Camões


Tema:  A Figura feminina 
Assunto: O autor descreve a mulher física e psicologicamente como sendo                        perfeita, portadora apenas de qualidades. Este considera a mulher                     como ser superior divino de beleza incomparável. Camões expressa                  a sua opinião, claramente positiva sobre a figura feminina (confessa que nunca deixa de resistir aos seus encantos).


Estrutura Externa: Soneto (2 quadras, 2 tercetos) logo, 14 versos, sendo                                      estes decassílabos; 
                               Nas quadras, esquema rimático, abba, formando a rima                                    emparelhada/interpolada;Nos tercetos, esquema rimático,                                cde/cde.


Estrutura Interna: O poema é constituído por 4 momentos diferentes.
A 1ª quadra corresponde à apresentação do tema a desenvolver,  a mulher. O autor descreve-a como sendo valiosa, alegre e serena, chegando mesmo a compará-la com um paraíso. Elogia ainda fisicamente, comentando o seu riso e a sua pele. Camões considera a sua amada perfeita.
Na 2ª quadra que corresponde ao desenvolvimento do tema, o autor dá continuidade à descrição da mulher, nunca deixando de recorrer aos elogios. Fala da sua graciosa presença, não deixando de frisar a naturalidade, o bom senso, a discrição e a formosura da figura feminina.
No 1º terceto (confirmação), Camões confirma tudo o que disse anteriormente, falando da Senhora, como ‘’rara’’ e ‘’suave’’, dizendo mesmo que a vida e a morte dependem dela. Resumindo, Camões seria capaz de morrer pela sua amada, pelo seu amor. Esta influencia-o de tal modo que a sua presença o deixa sossegado e calmo.
Finalmente, o soneto termina com uma chave de ouro que encerra o seu pensamento. É nos revelado o sentido do poema. Ao longo do soneto, o autor descreve algo pelo qual mostra muita admiração e também desejo. Para Camões, as armas que o cativam no amor são todas as características da mulher que falou anteriormente, daí considerar-se como rendido aos encantos da mulher. Só neste terceto entedemos a paixão de Camões, justificada pela figura bela da mulher. Esta paixão referida poderia ser pela Infanta D.Maria. 

Figuras de estilo: 

Enumeração (adjectivos)
- ‘’Leda serenidade deleitosa ,’’ (v.1)
- ‘’entre rubis e perlas, doce riso,’’ (v.3)
Hipérbole
- ‘’que representa em terra um paraíso;’’ (v.2)
- ‘’fala de quem a morte e a vida pende,’’ (v.9)
Personificação
- ‘’doce riso,’’ (v.3)
Adjectivação
- ‘’Leda1 serenidade deleitosa ,’’ (v.1)
Dupla adjectivação
- ‘’presença moderada e graciosa,’’ (v.5)
Antítese (morte e vida)
- ‘’fala de quem a morte e a vida pende,’’ (v.9)