terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Apenas


09-01-2065
  É incrível como e uma só palavra pode destruir uma vida. É incrível como uma acto pode acabar com a felicidade. É incrível como o ser humano está programado para não saber amar. É incrível como todos nós fomos programados para destruir. É incrível como a nossa realidade me assusta.
  Assusta-me de morte a forma como todos os dias me lembro que eu escapei à regra, assusta-me solenemente como fui estruturada para amar.
  Sabes? Eu tenho um marido, dois filhos e netos que para ser sincera eu não os amo. Não como te amava a ti.
  Doí. Doí pensar que tudo o que vivi ao teu lado não passou de uma mera ilusão. Todos os dias me pergunto porque partiste sem te despedires.
  Não encontro forma de explicar o porquê de um rapaz como tu ter deixado a família de rastos.
  Eu sei que provavelmente sabes que o teu sobrinho já está um homenzinho, sempre que ele vem visitar a namorada eu vejo nele o que vi em ti quando entrei naquele café.
  Apenas quero que saibas que todos estes anos esperei por ti.
                        Amo-te.

Origem do Teatro


O teatro surgiu na antiga Grécia por volta do século VI a.C. Surgiu no decorrer das festas dionisíacas. Estas festas eram em honra do Deus do vinho, Dionísio. Estas festas faziam parte da cultura Grega. O período destas festas era na Primavera, pois era o período das vindimas. Estendiam-se por vários dias.







Fonte :
http://www.infoescola.com/artes/historia-do-teatro/

Características do Texto dramático

- O que é? 

O texto dramático é uma composição textual, tal como é o texto narrativo ou o texto poético, procede-se à sua feitura com a intenção que a sua finalidade seja a representação. Possui uma organização especial. 
Existe, além do texto principal, um texto secundário, as chamadas “ didascálias. “

 Texto principal: contém as falas das personagens como: monólogos, diálogos e apartes. 

 Texto secundário: é constituído pelas didascálias. As didascálias são uma espécie de indicações, de pormenores a ter em conta na representação.

Estrutura externa do texto dramático 

O texto divide-se em atos e em cenas. 

 Atos -» são grandes núcleos de acção. Distinguem-se uns dos outros, normalmente, por a existência de pausas na representação. Estes dividem-se em cenas ou quadros.

 Cenas -» iniciam-se e terminam com a entrada e saída de personagens da ação.

 Estrutura interna do texto dramático 

 Exposição -» corresponde à fase inicial. Procede-se à apresentação das personagens e dos antecedentes da ação,

 Conflito -» corresponde à sequência de acontecimentos que constituem a ação;

 Desenlace -» refere-se à parte final do texto. Contém o desfecho que, por sua vez, pode ser feliz ou infeliz.

- Como se pode proceder à caracterização de personagens? 

 Através do processo de caracterização: 

 Direta -» quando é feita a enumeração direta de traços específicos de uma personagem; Pode ser feita através de palavras dessa mesma personagem sobre si própria ou, de palavras de outras personagens e ainda, por indicações contidas nas didascálias (exs: gestos / atitudes);

 Indireta -» quando o leitor ou o espectador deduz o que a caracteriza uma personagem através de comportamentos e atitudes dessa mesma personagem. 

Tipos de retrato das personagens:

 Retrato físico -» descrição das características físicas de uma personagem.( Exs .: alto, magro, etc.) 

 Retrato psicológico -» descrição das características psicológicas de uma personagem.(Exs. Sentimentos , pensamentos , entre outros)

 Retrato social -» descrição das características que incidem em aspectos da vida social de uma personagem, como a profissão, a classe social e o seu relacionamento com os outros.

Tempo da ação

Mesmo que a ação tenha ocorrido no passado, a sua representação é sempre feita no presente ou seja, como se estivesse a decorrer no momento em que é apresentada. 

O espaço da ação

A mudança de espaço é visível pela alteração de cenários.

Modos de expressão: 

 Monólogo: é um modo de discurso em que a personagem fala consigo mesma;

 Diálogo: modo de discurso em que duas ou mais personagens falam entre si;

 Aparte: modo de discurso em presença de outras personagens , com o intuito de ser ouvido pelo público ou por uma personagem específica ; Para este fim , a personagem afasta-se das outras .

Tipos de cómico: 

Cómico de linguagem: o vocabulário e o tipo de discurso usado provocam o riso;

 Cómico de carácter: a maneira de ser e a apresentação de uma personagem provocam o riso;

Cómico de situação: o que a personagem executa e as circunstâncias da situação provocam o riso. 





Fonte: escola virtual

A farsa de Inês Pereira

Inês Pereira , era uma rapariga com uma ambição desmedida de subir na vida .  Cansada da vida que levava , sempre a executar tarefas domésticas , Inês Pereira , vê o casamento como a sua única salvação. Na sua cabeça idealiza o companheiro perfeito : alguém que lhe possa dar uma vida feliz e sem preocupações .  A mãe tenta convencer Inês de que esta não se deve precipitar na decisão pois , estas coisas devem ser feita com calma . Dizendo-lhe que quando esta menos esperar eis que aparece um bom partido . 
É contada uma história de assédio a Lianor Vaz . Quando esta estava a caminho da casa de Inês , um rapaz quis agarrá-la . Lianor conta que a sua sorte foi ter aparecido um almocreve . Inês afirma que esta se devia ter defendido , tentando atingi-lo fisicamente . Lianor indignada , diz a Inês que não o poderia fazer . Pois , seria como cometer um pecado . E a sua penitencia seria a excomunhão ( expulsão da igreja ) .
Lionor Vaz diz haver alguém interessado em Inês : Pêro Marques . Inês deseja um marido com boas maneiras , até pode ser pobre . Ao menos tem de se saber comportar . Lianor entrega então uma carta de Pêro Marques a Inês . Nesse escrito , Pêro Marques expõe os seus sentimentos .
Inês ficou com má impressão do pretendente . Inês imaginou como este seria , para ela um reles , uma pessoa pobre sem bens materiais .  Decide mandar chamar Pêro Marques , somente com a intenção de se rir na sua cara . Assim o fez .
Lianor tenta avisar Inês , dizendo-lhe que esta pode ser uma oportunidade única . E que , o que sustenta uma relação , é o dinheiro e não o amor . O que realmente interessa é que este senhor tenha posses para dar a Inês uma vida descansada e feliz , não tendo esta que trabalhar para se sustentar , somente assumir os papéis de uma governanta da casa .
Realiza-se o encontro . Pêro Marques revela-se uma pessoa pouco interessante . Mostrando-se de um coração imenso  , Pêro Marques , leva oferendas provenientes das suas terras . Mas por erro , na altura em que as vai entregar , percebe que as havia perdido no caminho . Portanto , um mau começo .
Apesar de ter como sustentar Inês , Pêro não era do seu agrado . Aborrecida com a situação , Inês Pereira ,  pede-lhe que nunca mais a volte a visitar . Pêro demonstra sentir algo muito forte por Inês mas esta não hesita em repensar na sua atitude .  Um sentimento tão forte , causador de um presumível desgosto fatal . Pêro lamenta-se pela personalidade das mulheres , dizendo que a estas nada as satisfaz .
Espantada por uma enorme falta de saber estar por parte de uma pessoa , Inês, volta a repetir que prefere feio e pobre do que um homem sem maneiras .
Desesperada por  ver a filha não encontrar o marido que idealizava em sua cabeça , a mãe de Inês  , encarrega dois judeus de encontrar o marido ideal para Inês . Estes tentam encontrar alguém de uma boa classe social mas sem êxito . Depois de uma longa procura , os dois judeus encontram então , um escudeiro . Este de imediato mostrou-se interessado em Inês. Dois judeus donos de uma enorme esperteza ; retrataram Inês  como : “ a deusa da perfeição e a rainha de todas as virtudes . “
O escudeiro planeia com o seu vassalo , mentir sobre a sua condição social de forma a garantir o casamento .
Inês diz que não casa por influência de ninguém  , nem da sua própria mãe . Pois , é a sua vida que está em causa . Encantada pelo requinte do escudeiro , Inês pensa ter encontrado quem tanto procurava . Ficou então , noiva do escudeiro . Rapidamente começaram os preparativos para a cerimónia : o casamento . A mãe de Inês concede-lhe a sua casa para estes morarem e parte .
A pouca liberdade que Inês possuía é-lhe retirada pelo marido : o escudeiro . Esta além de não deixar    de ser o que tanto lhe custava , passa a ser somente propriedade do marido e é este quem define as regras . A ele Inês deve obediência . O escudeiro queria precaver-se para nada nem ninguém tirar Inês dos seus braços . O escudeiro não tinha dinheiro para se sustentar .
Inês Pereira vivia como “ prisioneira “ dentro da sua própria casa . O seu marido parte para combater e esta fica a ser vigiada pelo seu “ capataz “ .
Inês vive um tormento  . Deseja ficar viúva , pois , seria a única forma de acordar deste enorme pesadelo que se haveria tornado a sua vida .
O escudeiro morre em combate . Lianor aconselha Inês a casar-se novamente . Apesar de Inês estar aliviada por o seu pesadelo ter findado , lamenta o sucedido . Pois , apesar de tudo , da forma como o escudeiro tratava Inês , este era dono de muitas virtudes , as quais o destacavam da maioria dos comuns ,
Inês acaba por ficar prometida a casamento a  Pêro , o que anteriormente tinha rejeitado . Agora este ,  por herança , tinha-se tornando homem de algumas posses , podemos chamar-lhe de “ camponês rico . “
Ao contrário do escudeiro , Pêro Marques não quer controlar a vida de Inês . Apenas deseja que esta seja feliz .
Um pobre ermitão vai pedir esmola e consegue comover Inês.  Faz-se passar por um falso padre . Inês reconhece-o .Pois , tinha sido um seu antigo namorado . Este afirma estar naquele estado devido ao desgosto amoroso que Inês lhe causou . Inês e o ermitão combinam então um encontro , designando o local como a ermida . Inês consegue  convencer o marido a levá-la à ermida , mostrando-se devota . Na verdade , o seu objetivo era encontrar-se com o falso padre . Com receio de atravessar um obstáculo : o rio , Inês , pede ao seu marido que a leve às costas .  No caminho Inês canta uma  canção . Esta canção alude à sua infidelidade com o marido e a ingenuidade deste por não se aperceber da situação . Pêro acaba por terminar o refrão da canção , não tendo noção que se estava a comportar como um marido enganado .

Conclusão :
E parece que Inês não aprendeu a lição . Primariamente , foi mal tratada por o seu marido , parecia mostrar-se arrependida mas na verdade era uma farsa .
Pêro tinha tudo para a fazer feliz . Inês, apenas não soube dar valor .
Gil Vicente , mostra-se uma pessoa muito atenta à realidade . Esta cena alude a histórias verídicas do nosso dia a dia.
Será que Pêro não percebeu ou não quis perceber ?



Esta peça visa criticar a sociedade do tempo de Gil Vicente , nomeadamente os seus vícios . Gil Vicente consegue isto através do recurso à ironia, ao facto de ter criado personagens tipo e também de ter recorrido ao uso do cómico.

Caracterização das personagens :

As personagens que figuram na peça são personagens tipo pois , estas representam uma classe social . Temos então a representação da moça casadoura , através de Inês ; O escudeiro fanfarrão, encarnado por o Escudeiro ; O labrador simplório, representado por Pêro Marques ; e por fim , a alcoviteira, representada por Lianor Vaz. 

Inês Pereira : através da descrição indirecta podemos concluir que Inês era uma donzela esbelta . Dona de uma grande ambição , sonhava subir na vida .
Exs.: " Parece moça de bem " 
         " Mui graciosa donzela " 
         " vossa fermosura " 



A mãe de Inês :  retrata a típica mãe . Aquela que quer sempre o melhor para a sua filha e que quer que esta seja um exemplo para as outras raparigas .  Também lhe quer garantir um bom Futuro .
Exs.: " Inês, guar'-te de rascão ! " ( evidencia a preocupação com a sua filha )
" que lhe tenhais muito amor " ( a mãe de Inês evidencia uma preocupação com o futuro estado da filha pois, a vida desta haveria tomado um novo rumo )

Lianor : casamenteira e interesseira.  Uma mulher independente, apenas lhe convinha a sua opinião.
Exs.: " Eu vos trago um casamento "  ( casamenteira )
         " Eu vos trago um bom marido " ( casamenteira ) 



Pêro Marques : apesar de possuir inúmeros bens , assume-se como um camponês ingénuo , sem boas maneiras de estar .
Exs.:“  rico, honrado “
       “ eu em meu siso estou “ 
       “ João das bestas homem de bom recado “

Escudeiro ( Brás da Mata ) :  Esta personagem representa a nobreza falida . Gostava de se enaltecer, quando na verdade nem tinha dinheiro para se sustentar. Mostra-se , ainda , uma pessoa de boas maneiras .  Controlador , no caso da sua esposa . Uma pessoa que conseguia dominar os mais fracos , como por exemplo , o seu domínio total sobre o moço , seu criado . Pois , este acredita em tudo o que o seu patrão lhe conta. O escudeiro revela-se portanto , uma pessoa bastante convincente .  .
 Exs.:
          “ Homem que não tem nem preto “ ( expõe a sua situação económica )
           " E se me vires mentir / gabando-me de privado " ( mostra que o escudeiro queria manter intacta a sua imagem , contrária ao que realmente era ) 
             " faze-o por amor de mi " - Mentir sobre a sua situação económica .  ( o escudeiro sabendo que o seu criado era fiel e que sendo uma pessoa honesta numa o iria trair , convencia-o com simples palavras )
          “ um homem avisado “ ( bem formado em termos de educação )
           " homem de descrição " ( sabe como se comportar )
          “ Estareis aqui encerrada/nesta casa, tão fechada/ como freira de Odivelas “ ( controlo do escudeiro sobre Inês , agora sua mulher )
           
        

Latão e Vidal ( os dois judeus ) : Mostram-se como dois Judeus espertos e hábeis no comércio .
 " Nunca vi judeus ferreiros aturar tão bem a frágoa " ( a mãe de Inês mostra-se satisfeita com o bom trabalho por eles realizado )

Moço : revela-se como sendo uma pessoa humilde . Porém , influenciável . Pois , acredita nas mentiras que o seu patrão ( o escudeiro ) lhe conta . Assim o escudeiro consegue-o explorar .


Ermitão : um falso padre . Representa a decadência de valores morais por parte de membros eclesiásticos . Por exemplo, aceita um encontro amoroso com Inês , mesmo sendo contra os seus princípios como membro do clero. 





Tempo da ação: não há indicação do tempo em que decorre a ação. Devido à sequência das cenas constituintes na peça, não é possível termos uma ideia de tempo, o tempo decorrido de espaçamento entre cenas. Exceto numa cena. Vicente apenas menciona nesta obra um tempo exato: aquando da morte do Escudeiro. O escudeiro terá partido para combate e terá sido fatalmente atingido. A sua esposa, Inês Pereira, agora viúva, só toma conhecimento disto três meses depois. Pois, todas as cenas aparecem encadeadas, formando um todo coeso.



Espaço da ação: A maior parte das cenas é passada num lugar específico: a casa da mãe de Inês. Que Inês terá herdado após o seu matrimónio. No decorrer da ação a casa de Inês torna-se um local de passagem de todas as personagens.



Explicando o provérbio que serve de introdução á cena : “ Mais vale asno que me leve que cavalo que me derrube. “
O  cavalo  simboliza  o primeiro marido de Inês, o Escudeiro .  Este com sua agressividade e autoritarismo acaba por derrubá-la . Pois , mostra-se muito diferente do que aparentava ser . Ou seja Inês ao tornar-se mulher do Escudeiro tornou-se dependente deste então , era este quem definia as regras. Proibiu-a de qualquer tipo de liberdade.  Pêro Marques é o asno que a leva e faz todas as suas vontades.


Tipos de cómico apresentados na peça :
   Cómico de carácter: Como por exemplo, a personalidade de Pêro Marques (quando este no primeiro encontro com Inês se atrapalha perante ela e a sua mãe , mostrando-se um camponês bronco e tolo) .  Outro exemplo, é a posição que escudeiro mantém sempre. Este quer aparentar ser o que não é , mostrando uma luxúria ilusória. Apesar de ser pobre e cobarde mantém o seu discurso sempre com muita elegância, fingido que está tudo bem em suas vidas para isto recorre a toque de instrumentos e ao cante. Tenta revelar-se valente , não tendo fraquezas e misérias.

·        Cómico de situação: Por exemplo , quando Pêro Marques , no encontro com Inês , se senta na cadeira de costas para Inês e sua mãe . No diálogo entre os dois judeus , encarregues de encontrar o marido idealizado por Inês. Estes ansiosos por realizarem o casamento de Inês com o Escudeiro atrapalham-se a conversar: interrompem-se um ao outro e repetem coisas já ditas anteriormente, mostrando um certo nervosismo.
No último ato , no desfecho da cena , quando Pêro Marques , agora marido de Inês a transporta em suas costas e ingénuo acaba por terminar o refrão de uma canção que contém o que a sua mulher ( Inês ) anda a fazer. Este mostra-se ingénuo por não perceber .

    Cómico de linguagem: Por exemplo , na cena em que Pêro Marques visita Inês no desejo de realizar um bom casamento e , o seu discurso contém termos e expressões de um simples camponês , de um homem pouco instruído.
Também, na cena em que os dois Judeus ansiosos por unir matrimónio entre Inês  e o Escudeiro, tentam convencer ambos de que esta é uma boa oportunidade e acabam por se atrapalhar na conversa ; havendo , um discurso repetitivo pois , estes encontravam-se nervosos e também longo.

Também , podemos encontrar o cómico de linguagem quando Inês diz : “  Ei-lo se vem penteado/ será com um ancinho ? “ Inês “goza” com a forma de ser de Pêro . Também , na ironia do moço ( vassalo do escudeiro ) revela através da ironia a verdadeira condição social do seu patrão , evidenciando-o nada mais , nada menos que um pelintra.  E ainda ,diálogo entre Pêro e a mãe de Inês , quando Pêro Marques diz que seu é o “ mor gado “ e , a mãe de Inês entende que este seja morgado. Não sendo este herdeiro de todos os bens por ser o irmão mais velho mas sim , quem tratava de animais , era disto que ganhava o seu sustento. 

A vida e a obra de Gil Vicente


  

Pouco se sabe cerca da vida de Gil Vicente , permanecem muitas dúvidas . Terá nascido por volta de 1465 em Guimarães ( o local mais provável ) e estima-se que o ano do seu falecimento tenha sido 1536 pois , é a data da sua última peça representada . Mais tarde terá ido para Lisboa e passou a frequentar a corte . Além de dramaturgo , Gil Vicente , assumiu muitas vezes o papel de ator como por exemplo , na sua obra “ Monólogo do Vaqueiro “ em que foi personagem . Escrevia as suas obras , encenava-as e, algumas vezes era ator . Sendo considerado o maior representante do teatro popular em Portugal . Também se estima que terá sido músico . E ainda que , ourives pois , na sua obra há alusão. Foi um autor satírico .  Sendo um autor transicional pois , viveu entre a Idade Média e o Renascimento , um cidadão atento às mudanças do cenário social , nas suas obras estão presentes de discurso direto .  Foi incumbido pelo rei D.Manuel I de entreter a corte , tendo escrito várias peças , por ele encenadas .
Gil Vicente casou com Branca Bezerra , desta união teve dois filhos : Gaspar Vicente e Belchior Vicente . Terá ficado viúvo . Casou , novamente , com Melícia Rodrigues de quem teve três filhos : Paula Vicente , Luís Vicente e Valéria Borges .
     É frequentemente considerado além de “ o pai do teatro português “ ,  “o pai do teatro ibérico “ pois , também escreveu em castelhano .
O seu primeiro trabalho conhecido intitula-se de “ Monólogo do Vaqueiro “ ou “ Auto da Visitação “ . Esta obra foi escrita para anunciar o nascimento do príncipe D.João , que viria a ser o rei  D.João  III de Portugal. Nesta obra é retratada a história de um camponês . Este camponês expressa a sua alegria pelo nascimento do herdeiro , desejando-lhe felicidade . A partir desse seu primeiro trabalho , Gil Vicente , ficou responsável pela organização dos eventos do palácio . Isto permitiu-lhe obter prestígio. Mais tarde esse prestígio alcançado foi uma mais valia para o autor pois , este conseguiu satirizar as classes sociais nas suas obras , nomeadamente , o clero e a nobreza e , também , dirigir-se ao rei criticando as suas opções . Pois , para Gil Vicente : “ a rir se corrigem os costumes “ .
Introduziu o uso de cenário .



Acerca da sua obra

Até ao tempo em que viveu Gil Vicente desconhece-se a existência de textos dramáticos . Podemos verificar na sua obra o “ Monólogo do Vaqueiro “ , mais conhecido pelo “ Auto da Visitação “ , em que o autor diz que não só “ a primeira coisa que o autor fez “ mas , também , “ que em Portugal se representou “ e ainda “ coisa nova em Portugal . “ Com isto , podemos concluir que foi Gil Vicente quem introduziu o teatro português. Porém , isto , não está comprovado cientificamente . Pois , não se crê que Gil Vicente o  tenha criado do nada . Pensasse sim , que tenha tido algo como base . Aceita-se que este tenha modificado à sua maneira algo já existente .

Gil Vicente , produzi mais de quarenta peças de teatro , chegando a publicar algumas em vida .
Gil Vicente retractou nas suas obras a sociedade portuguesa do século XVI. Estão presentes os traços caracterizadores de classes sociais , os seus vícios e as suas preocupações .
A sua obra divide-se em : autos , farsas , comédias , tragicomédias ( comédia e tragédia juntas ) e obras menores . Quem procedeu a esta classificação foi o seu próprio filho . Dentro desta divisão existem subtipos . Todas as suas obras têm uma lição moral . É uma obra complexa , o que dificulta a sua classificação.


Sem uma classificação precisa :

·        Os autos pastoris -» monólogos ou diálogo cómicos de pastores ou entre pastores , encenados à maneira de Juan del Encina .
EXS.: Auto Pastoril Castelhano
         Auto Pastoril Português 

·        Os autos de moralidade -» têm como tema o nascimento e ressurreição de Cristo , inspirados na bíblia .  Estes por sua vez dividem-se em :

     - Autos que evidenciam o nascimento ou a ressurreição de Cristo . Atos onde é resumida a teoria teológica da Redenção ou seja , é anunciada a vinda de Cristo para perdoar os pecados . A sua chamada é anunciada por profetas ou por episódios do Velho Testamento ( anunciação da chegada de Cristo e ressurreição ) ou pode ser ainda , por a literatura e a história pagãs .
   EXS.: Auto da Siliba Cassandra
            Auto dos quatro tempos
            Auto da Mofina Mendes

            - Autos que nos tentam dar o ensinamento religioso ou moral . Tal como , o que nas aulas de catequese sempre dizem aos pequenos , simplificado que : “ as pessoas boas têm lugar no céu e a sua alma descansa em paz e , que as pessoas cruéis só têm o caminho do inferno . “ Estas peças estruturam-se como alegorias , onde cada personagem tem um significado ou as personagens nela inseridas podem ser pessoas existentes caricaturadas .
   EXS.: Auto da feira
          Autos das Barcas
·        Farsas -» é um episódio cómico , criado a partir de um flagrante na vida de uma personagem típica . Por exemplo , uma personagem que quer transmitir o que não é , ou seja , quer transmitir uma riqueza que na verdade é alimentada pelas ilusões . São histórias de enredo .
     EXS.:  Farsa de Inês Pereira
                O clérigo da Beira
                Farsa dos Almocreves
                 Auto da índia

·        Autos cavalheirescos - » são histórias de enredo como as farsas . Histórias onde estão presentes monólogos e diálogos .  Constituídas por cenas de episódios sentimentais cavalheirescos , ao gosto da corte . Episódios verídicos que se passavam entre os que habitavam a corte .
     EXS.: Amadis de Gaula
               D.Duardo
               Comédia do viúvo

·        Alegorias de tema profano ( sobre religiões pagãs ) ou fantasias alegóricas . Envolviam cenas de farsas , romances e canções .


Os autos de Gil Vicente não obedecem à estrutura clássica  que diz que  um auto tem de ser constituído por três partes . Há exceção do “Farsa de Inês Pereira “ , todos os outros de Gil Vicente possuem apenas duas partes .
Gil Vicente foi pioneiro na introdução do cenário .

Na sua obra padecem dois tipos de personagens :
·        Personagens-tipo -» Personagens caracterizadoras de um grupo social . Estão presentes os seus traços específicos , os seus vícios e as suas farsas ; EX.:Auto da Barca do Inferno
·        Personagens alegóricas ;
EXS.: No Auto da Barca do Inferno , o anjo que simboliza o bem e o santanás/diabo o mal .








Fontes consultadas :

e-Biografias
edução.globo.com
Cardoso , E, Azevedo , M (2014) . Viagens , Literatura Portuguesa , 10ºano. Porto : Porto Editora . 
Wikipédia